Esta semana minha família foi surpreendida com a notícia repentina do falecimento de uma pessoa muito querida para todos nós, minha avó paterna, Olímpia Bárbara de Borba. Aos seus 87 era uma mulher muito forte, lúcida, gostava de passear, de se divertir e de cuidar da aparência. Nasceu e se criou no interior de Minas Gerais e deixou um legado de 13 filhos (um deles faleceu ainda na infância), 20 netos e 13 bisnetos. Sem dúvida alguma uma vencedora!!!
Durante o tempo que aguardávamos pelo sepultamento, não pude deixar de observar a reação das pessoas velando minha avó dentro de sua própria casa. Todos, obviamente, contristados com a morte dela, pois apesar da extensa idade, era algo impensável isso que acontecesse a ela tão "repentinamente".
Interessante como uma morte "não esperada" trouxe um certo conforto para todos. Digo "não esperada", porque o envelhecer e a morte ainda são tratados como grandes tabus. Os grandes avanços tecnológico-científicos trouxeram uma falsa expectativa de que as pessoas viveriam para sempre e as indústrias farmacêuticas apresentam novos produtos com a promessa da juventude eterna. Só para se ter uma ideia, o Brasil é o segundo país do mundo em número de cirurgias estéticas, só perdendo para os Estados Unidos. Aliado a isso, basta ir a um hospital ou a um asílo para ouvir alguns profissionais dizerem: "...chegou um câncer de próstata...". ou "...aquela velhinha está a beira da morte...". Trata-se das pessoas como órgãos enfermos, ou seres incapazes de expressar sentimentos e emoções, completamente desprovidos de humanidade.
"Morrer é parte integral da vida, tão natural e previsível como nascer. Mas, enquanto o nascimento é motivo de comemoração, a morte transforma-se num terrível e inexprimível assunto a ser evitado de todas as maneiras na sociedade moderna. Talvez ela nos relembre a vulnerabilidade humana, (...). Podemos retardá-la, mas não podemos escapar dela." (Kubler-Ross, E. Estágio Final da Evolução, pag. 30).
A alegria de viver e a não passagem por um estado moribundo deixaram lindas memórias de como vovó Olímpia amava a vida. Ela não será lembrada como a enferma (pois não deu tempo de ser), ou como a velha que "deu trabalho" antes de morrer (pois não deu tempo de ser), mas será lembrada como uma pessoa que viveu muito e bem todos os seus 87 anos. Indubitavelmente, isso trouxe grande consolo a todos os familiares e amigos.
Saudades de você, vovó!!!!!
Muito boa reflexão Borba sobre este momento tão inesperado pela maioria das pessoas... e linda homenagem a sua vó! Abraços!
ResponderExcluirAender,
ResponderExcluirA morte é um corte transversal na existência humana. Os mecanismos psicológicos e culturais que criamos para "driblar" esta possibilidade, mostra o impulso que temos à eternidade. Nossa vida não se dá pela possibilidade da morte, mas somos movidos como por um "desejo de perenidade". Planejamos, porque acreditamos, cremos (no sentido religioso mesmo) em um destino, que temos que chegar "lá". Mas lá onde? Que fim é este? Chocante! A morte então, quando acontece, é ritualizada, é permeada de gestos e celebres cerimônias, pois é um mistério. Um mistério aterrador e profundo, um discurso célebre, uma contradição terrível entre o impulso para a transcendência e a radicalidade da morte.
Cara,
ResponderExcluirMuito boa a iniciativa de criar este espaço, para que possamos analisar juntos alguns dos dilemas que nos afligem, e que em algumas das vezes não conseguimos encontrar as respostas que nos conflitam a fazermos sempre as mesmas perguntas: "para onde vamos?", "porque estamos aqui?" "qual é o verdadeiro sentido de vida que devemos relevar?"... Meus PARABÉNS!!! Estarei sempre por aqui para chegarmos a uma conclusão juntos...
Grande Abraço,
Filipe Rocha
Ver as geleiras "morrendo" por causa da ignorância humana me deixa triste e com raiva desta ignorância.
ResponderExcluirVer meus animais, meus "pets", morrendo me faz chorar.
Mas ver um ser humano morrendo me choca. Meu sentimento é que isso não deveria acontecer. No entanto, talvez, este processo se inicie ao se nascer.